Gosto de pensar estes textos num registo próximo, pessoal, onde a opinião se mistura com o sentimento. Por isso, hoje escrevo com a sinceridade que sempre me guiou: há um tema do qual não posso, nem quero, fugir — as Eleições Legislativas de 2025.
Nunca, em todo este percurso, me custou tanto escrever sobre um assunto. Nunca as palavras me pesaram tanto. E, confesso que vivo este momento como um verdadeiro pesadelo. Talvez digam que exagero, mas assumo: sinto que estamos em guerra. Uma guerra silenciosa, ideológica, que mina as bases da democracia e põe em causa os valores pelos quais tantos lutaram antes de nós.
O populismo, essa corrente que cresce à vista de todos, não é exclusividade portuguesa — mas isso não nos pode servir de consolo. Recentemente, numa conversa com norte-americanos, ouvi uma expressão que me ficou gravada: resistência. Lá, até entre os chamados “trumpistas”, o sentimento dominante é a vergonha. A oposição política deixou de ser apenas uma opção ideológica para se tornar um movimento de resistência cívica.
É nesse espírito que hoje declaro o “Dia 0” da minha Resistência. Esta é a minha posição, deste lado da trincheira. E é também a missão deste jornal: resistir. Defender a democracia, a liberdade e a verdade, com o mesmo empenho com que os nossos pais sonharam um país melhor — o mesmo que queremos deixar aos nossos filhos. Do medo nasce a coragem, e é com ela que seguimos.
Manteremos, por isso, o nosso rumo: atentos ao mundo, mas com os olhos postos em Vila do Conde. Continuaremos a dar voz ao que verdadeiramente importa, a noticiar o que nos eleva e constrói como comunidade.
E felizmente, temos de facto, muito que contar. Vila do Conde continua a afirmar-se como uma terra dinâmica, onde as mudanças acontecem e as promessas ganham corpo.
Recentemente, o Procurador-Geral da República esteve de visita à nossa cidade, numa deslocação de trabalho que reforça a centralidade e relevância institucional do nosso concelho. A nova Unidade de Saúde Familiar das Caxinas, cujas obras avançam a bom ritmo, representa um investimento crucial na saúde de proximidade, prevendo-se que venha a beneficiar mais de 15 mil utentes já a partir de agosto — uma resposta essencial para uma comunidade que há muito esperava por melhores condições de atendimento.
Também na área da segurança, há boas notícias: a nova Divisão Policial da PSP, cuja construção decorre de forma faseada, deverá estar concluída até ao final de 2025, reforçando a capacidade de resposta das forças de autoridade num território com desafios próprios.
E, como todos os anos, a Semana do Pescador voltará a encher de vida as Caxinas e Poça da Barca, celebrando com orgulho aquela que é a maior comunidade piscatória do país. Mais do que uma festa, trata-se de um momento de afirmação identitária e de reflexão sobre o presente e o futuro da pesca. O Presidente da Câmara, Vítor Costa, marca esta edição com a sensibilidade que o caracteriza, manifestando publicamente as suas preocupações com as dificuldades crescentes enfrentadas por esta atividade tradicional — desde a instabilidade do setor à falta de apoios estruturais.
É neste equilíbrio entre celebração e consciência que se constrói o espírito de uma terra que não esquece as suas raízes, mas que olha em frente com determinação.
Aqui, em Vila do Conde, a política faz-se sobretudo de trabalho — e é essa política que queremos continuar a documentar. Temos muitas páginas pela frente e nelas queremos escrever futuro.
Pelo que foi, pelo que é, e sobretudo pelo que há-de vir.