24 de Setembro, 2025 01:06

Vila do Conde celebrou o 25 de Abril

JVCSociedade5 meses atrás

O Município de Vila do Conde assinalou a comemoração do 25 de Abril, data maior da história coletiva dos portugueses.

Na noite de 24 de abril, o Largo dos Artistas recebeu a intervenção artística da Cabe Cave – “A Expressão da Liberdade”, que culminou, às 00h20, com a entoação coletiva de “Grândola, Vila Morena”, num momento simbólico de celebração da liberdade.

A manhã do dia 25 de abril começou na Praça Vasco da Gama, com o hastear da Bandeira Nacional e a entoação do Hino Nacional, interpretado por Adriana Rodrigues. Jovens alunos de escolas do concelho também participaram, reforçando o espírito de envolvimento cívico das novas gerações.

Seguiram-se as intervenções oficiais do Presidente da Câmara Municipal, Vítor Costa, do Presidente da Assembleia Municipal, Amândio Couteiro, e do Presidente da Associação Social e Cultural dos Vilacondenses Ex-Combatentes do Ultramar, Manuel Nascimento.

Vítor Costa afirmou que “o 25 de Abril representa a conquista da liberdade e da democracia, valores que continuamos a defender com responsabilidade e compromisso. Vila do Conde é, e será sempre, um território de liberdade, onde o futuro se constrói com respeito pelo passado.”

Amândio Couteiro destacou que “hoje celebramos aqueles que devolveram a liberdade ao povo português.”

O Presidente da Associação dos Ex-Combatentes sublinhou que “a memória e o sacrifício dos que lutaram devem ser honrados pelas gerações vindouras.”

Após o momento na Praça Vasco da Gama, realizou-se a Evocação aos Ex-Combatentes da Guerra do Ultramar junto ao Memorial no Cais dos Assentos.

O desporto também se associou às comemorações, com a realização da Prova de Atletismo Inter-Freguesias, que percorreu as ruas da cidade e contou com a participação de atletas de todas as freguesias do concelho.

O dia terminou no Teatro Municipal com o concerto de Vitorino, que teve como músico convidado Pedro Sáfara. O espetáculo contou ainda com um coro formado para esta ocasião, que reuniu cerca de 100 cantores dos coros locais: Coro de Santa Cecília, Coro Vila do Conde, Grupo Coral da ACR Honra e Dever e Orfeão do Círculo Católico de Operários.

Apesar do luto nacional decretado pela morte do Papa Francisco, a Câmara Municipal de Vila do Conde decidiu manter o programa comemorativo, considerando que “a celebração do 25 de Abril, enquanto marco da democracia e da liberdade em Portugal, não colide com o sentimento de pesar pelo falecimento do Santo Padre. Vila do Conde respeita o luto, mas entende que a Liberdade conquistada deve ser dignamente assinalada.”

O Espírito de Abril Vive em Vila do Conde

Discurso do Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Vítor Costa
25 de Abril de 2025

Caros vilacondenses,

Este ano, a celebração do 25 de Abril surge marcada pelo falecimento de Sua Santidade, o Papa Francisco — uma figura reconhecida, por crentes e não crentes, como um líder à escala mundial, profundamente marcante para o nosso tempo.

Apesar do luto, nunca me passou pela cabeça adiar as celebrações da Revolução dos Cravos. Pelo contrário: estou certo de que a vida e o exemplo do Papa Francisco, para além da sua profunda dimensão religiosa, são uma homenagem à liberdade, à justiça social e à luta contra as desigualdades — valores que também são os de Abril. Francisco foi, ainda na sua Argentina natal, um homem próximo dos pobres, alguém que escolheu estar ao lado dos mais frágeis e marginalizados. A sua vida é, por isso, também um testemunho de liberdade.

O 25 de Abril é de todos: de todos os que amam a liberdade e a democracia. Não é propriedade de um partido ou de um grupo político. É património de todo o povo português. E é por isso que estou certo de que todos os democratas, todos os que verdadeiramente acreditam na liberdade, continuam e continuarão a honrar essa data e os seus princípios.

É importante recordar como era o país antes do 25 de Abril para compreendermos a transformação que essa revolução nos trouxe. Sim, a revolução é feita por pessoas, com virtudes e com falhas, mas ninguém que ame a liberdade poderá desejar regressar a um tempo onde ela não existia. Antes de Abril, dificilmente o filho de um operário se tornaria Presidente de Câmara. Dificilmente veríamos a Comandante Mónica Martins como Capitão de Fragata ao serviço da nossa Capitania. Dificilmente haveria quatro mulheres no Executivo Municipal. Abril abriu portas, trouxe igualdade de oportunidades e permitiu que muitos de nós alcançássemos conquistas que antes nos estariam vedadas.

É essencial que os mais jovens compreendam esta diferença. Não viveram em ditadura, é certo, mas precisam de conhecer essa realidade para valorizarem a liberdade de que hoje beneficiam. A democracia não é um sistema perfeito, mas, como dizia Churchill, é o pior dos sistemas — com exceção de todos os outros. É na democracia que podemos ser cidadãos plenos, com direitos e deveres, com voz e escolha. Quem ataca Abril, ataca a democracia. Quer privilégio para alguns e não igualdade para todos. E, como nos recordava o próprio Papa Francisco, quem não ama a liberdade, dificilmente poderá amar verdadeiramente o próximo.

Vivemos tempos desafiantes. A nova ordem mundial coloca-nos à prova. Para mim, esses desafios não são obstáculos: são oportunidades. E é nesse contexto que celebrar Abril faz todo o sentido. Estamos num momento de escolha: queremos ceder ao populismo que mina as instituições democráticas ou queremos resistir, como resistiram os que nos antecederam? Eu acredito que, em Portugal e na Europa, saberemos escolher o lado certo da História.

Hoje, temos acesso à melhor tecnologia de sempre. Vivemos rodeados de informação. O problema não está na tecnologia ou na quantidade de informação. O problema está no uso que fazemos dela. É por isso que precisamos de formar cidadãos com valores, com espírito crítico, com respeito pelos outros e pelo planeta. O combate à ignorância e ao negacionismo faz-se com educação, com ciência e com ação coletiva. E eu sei que, em Vila do Conde, daremos essa resposta. Como dizia Francisco: somos todos, todos, todos responsáveis pelo futuro.

Uma das conquistas mais bonitas de Abril é o poder democrático local. Os nossos autarcas, presidentes de junta, todos os que servem o concelho e as freguesias, são hoje eleitos para ouvir, decidir e agir com humildade. O poder pertence ao povo — é do povo, para o povo e pelo povo. Tenho imenso orgulho em todos os autarcas vilacondenses. Não conheço nenhum que não se preocupe com a sua terra, mesmo quando divergem, mesmo quando discutem. A diversidade de opiniões enriquece a ação autárquica.

Também o movimento associativo é um pilar essencial da nossa comunidade. Em Vila do Conde, contamos com mais de duas centenas de associações — sociais, culturais, desportivas, recreativas, educativas — que fazem um trabalho extraordinário. A todos, o meu profundo agradecimento. São estas instituições que tornam o nosso concelho dinâmico e participativo. A riqueza da nossa terra está, precisamente, na diversidade de opiniões, caminhos e contributos.

Temos um concelho socialmente coeso e cada vez mais equilibrado do ponto de vista territorial. Ainda há muito por fazer, é certo. Mas o progresso constrói-se com trabalho, com inconformismo, com crítica construtiva e, sim, com alguma insatisfação. Só quem se importa exige mais. Só quem se preocupa luta por melhorias. E nós, vilacondenses, temos razões para sentir orgulho no que já foi feito.

Na Câmara Municipal, podemos fazer uma avaliação positiva daquilo que temos vindo a construir. Investimos fortemente na educação. Temos boas escolas, mas sabemos que podemos fazer melhor — e vamos fazê-lo. E fazemos este caminho lado a lado com toda a comunidade educativa, a quem agradecemos pelo seu empenho na formação de vilacondenses mais conscientes, mais preparados e plenamente aptos para os desafios do futuro.

Na saúde, reconhecemos o muito que ainda há por concretizar, mas não podemos esquecer os passos dados, como a construção do novo Centro de Saúde das Caxinas. Na habitação, um problema nacional que também é local, estamos a construir novas soluções para quem precisa, a reabilitar o nosso parque habitacional e a defender o princípio de que todos devem viver com dignidade. A habitação é o grande desafio da década — e estamos a enfrentá-lo com seriedade.

Também na Justiça estamos a dar passos firmes, como comprova a instalação do Centro de Estudos Judiciários em Vila do Conde — uma conquista coletiva que nos projeta nacionalmente. E mesmo em áreas que não são da nossa responsabilidade direta, como a segurança, assumimos o compromisso de agir, como o demonstra a construção da nova esquadra da PSP.

Estamos todos, todos a trabalhar. O 25 de Abril não deve ser apenas uma celebração de conquistas institucionais. Deve ser um momento de reflexão e de desafio. Devemos lembrar os Capitães de Abril e todos aqueles que, mesmo sem farda, também foram agentes da mudança.

Apelo a todos os vilacondenses: continuemos a construir um concelho melhor, uma comunidade mais justa, uma Vila do Conde ainda mais orgulhosa de si própria. Crescemos, somos reconhecidos e respeitados. E isso deve-se, acima de tudo, ao esforço coletivo dos vilacondenses — à sua exigência, à sua criatividade, ao seu espírito crítico e à sua vontade de fazer mais e melhor.

Viva o 25 de Abril

Viva a Liberdade

Viva a Democracia

Viva Vila do Conde

Viva Portugal

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